top of page

3 Mulheres inovadoras envolvidas na geologia

De acordo com o Censo dos EUA de 1930, apenas 22% das mulheres americanas com mais de 10 anos trabalhavam fora de casa. Desses, mais de um terço estava empregado em “serviços domésticos e pessoais”.



Mesmo durante a Grande Depressão, não se esperava que as mulheres procurassem emprego em cargos profissionais ou permanecessem no mercado de trabalho depois de casadas.


Contrariando essas tendências desde o início, o GIA (Instituto Gemológico da América) uma organização independente sem fins lucrativos, considerado o principal instituto de pesquisa geológica do mundo, acolheu e incentivou as contribuições das mulheres para o avanço da gemologia, seja no laboratório, nas operações comerciais ou na publicação. Dessa forma, o Instituto carrega 3 mulheres como inovadoras no mundo da geologia.


Beatrice Shipley


Beatrice Shipley foi sócia e esposa de Robert Shipley, o também fundador do principal instituto de pesquisa geológica do mundo. Sua experiência em gestão, educação e administração, bem como sua perspicácia fiscal, ajudaram o Instituto a superar os anos da Depressão, enquanto seu marido viajava pela América do Norte para espalhar o interesse pelos programas do GIA. Um funcionário que trabalhou durante aqueles anos difíceis disse que Beatrice Shipley era “a espinha dorsal, aquela que manteve o Instituto funcionando e o tornou um sucesso”.


Em 1930 enquanto seu marido Robert desenvolvia planos para o programa do Instituto, Beatrice administrava uma pequena galeria de arte. Inicialmente, ela foi cética em relação a esse empreendimento, no entanto, deu todo o seu apoio ao marido, fechando sua galeria de arte em 1932 para se jogar de cabeça nesse novo projeto.


Beatrice trabalhava usando pseudônimo "BW Bell" para disfarçar sua identidade feminina


Trabalhando sob o nome de “BW Bell” para disfarçar sua identidade feminina, ela implementou padrões, protocolos e orçamentos, enquanto criava e mantinha um ambiente profissional de negócios. Durante os anos difíceis, ela manteve a folha de pagamento funcionando e a moral alta, mas nunca teve medo de realizar as tarefas mais básicas, até mesmo montando e grampeando os materiais do curso antes de serem enviados aos alunos.

Além de seu trabalho de escritório, ela deu palestras para grupos de mulheres sobre pedras preciosas e jóias. Em uma dessas apresentações, Shipley explicou as propriedades de cada pedra preciosa. Palestras como essas levaram o GIA a um público mainstream, atraindo cada vez mais atenção para o trabalho gemológico do Instituto.



Em grande parte devido aos esforços dos Shipleys para estabelecer uma organização irmã como uma guia profissional para joalheiros, a American Gem Society (AGS) foi criada em 1934 com a Beatrice Shipley servindo como sua administradora-chefe.


Beatrice Shipley se aposentou do GIA e do AGS em 1943, servindo como presidente do Los Angeles Girl Scout Council que envolve meninas por meio de programas de habilidades para a vida, empreendedorismo, atividades ao ar livre e CTEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Sua devoção ao avanço da gemologia nunca vacilou, no entanto, ela permaneceu como conselheira de seu marido em assuntos do Instituto ao longo de sua vida. Após sua morte em 1973, ela foi elogiada por toda a indústria gemológica como pioneira no campo, reconhecimento que foi suado e merecido.


Eunice Robinson Miles


Graças à coleção de pedras preciosas e minerais da sua avó, Eunice Miles desenvolveu uma paixão por pedras preciosas quando criança. Foi uma progressão natural para ela buscar um diploma e uma carreira no campo da gemologia.


Se tornou a primeira gemologista mulher no laboratório do Instituto em Nova York em 1953

Embora as mulheres “simplesmente não fossem aceitas no campo”, Eunice foi contratada como assistente e aprendeu mineralogia e teste de pedras preciosas.



Durante a década de 1950, Miles ajudou a estabelecer a reputação do GIA no comércio de diamantes de Nova York, e os clientes passaram a reconhecer suas iniciais em relatórios de classificação de diamantes. A identificação se tornou sua área de especialização à medida que o fluxo de diamantes para o laboratório aumentava. Em resposta aos novos e sofisticados revestimentos de diamante, ela desenvolveu uma técnica ótica para detectá-los com ampliação.


Em 1953, Eunice fez história como a primeira mulher gemologista no laboratório do GIA. Na época, dois negociantes trouxeram um diamante importante que eles queriam que “os meninos” vissem. Depois de examiná-lo ao microscópio, os senhores convidaram Miles para dar uma olhada. Ela o fez - e imediatamente notou uma inclusão pontual que eles haviam perdido. Depois disso, ela ficou conhecida como a “Pinpoint Girl” (Garota Precisão). Seu tempo no Instituto rendeu pesquisas inovadoras e palestras dinâmicas que influenciaram alunos e colegas, ganhando o apelido de “Mãe GIA”.

“Você é uma mulher! O que uma mulher pode saber sobre diamantes?"

Enquanto rapidamente conquistou o respeito dos seus colegas de trabalho quando viram suas habilidades em ação, os revendedores e outros membros do comércio se mostraram mais desafiadores. Ela foi confundida com a recepcionista do laboratório e, a certa altura, disseram: “Você é uma mulher! O que uma mulher pode saber sobre diamantes?". Eunice Miles foi citada no relatório anual do Departamento de Minas dos EUA de 1963 por seu trabalho, e o Departamento Federal de Investigação mais tarde usou seus dados para prender um grande negociante de diamantes revestidos de forma fraudulenta.



Além de seu trabalho no laboratório, ela atuou no Instituto como palestrante, instrutora e conselheira de carreira, criando afinidade com os alunos e construindo relacionamentos que duraram décadas. Após sua aposentadoria, ela se tornou a historiadora oficial do Instituto, cargo que ocupou até sua morte em 1997. Na época da sua aposentadoria, a influência da Eunice Miles no campo da gemologia era amplamente reconhecida. Ela recebeu vários prêmios, incluindo uma bolsa honorária da Associação Gemológica da Grã-Bretanha, o Prêmio Hall da Fama da Associação de Jóias Femininas e o Prêmio da Sociedade Internacional de Avaliadores de Gemas e Joalheria.


Em 1986, a Associação de Mulheres Gemólogas nomeou seu Prêmio "Lifetime Achievement" em homenagem a Eunice, o destinatário inaugural. Seu trabalho gemológico ainda hoje influencia os alunos, tanto no campo da pesquisa quanto por meio da bolsa GIA estabelecida em seu nome, concedida anualmente aos alunos do Instituto desde 1989.


Alice Keller
Editora Chefe do primeiro jornal de pesquisas gemológicas

A G&G que iremos mencionar por aqui foi um jornal profissional, fundada em janeiro de 1934 como um repositório de pesquisas gemológicas tanto para gemólogos quanto para a indústria varejista de joias. De 1934 a 1980, a G&G operou sob a orientação de dois editores-chefes homens: Robert Shipley e Richard Liddicoat. Antecipando o 50º aniversário do Instituto, Alice Keller foi escolhida para assumir o cargo de editora e reformular o G&G.



Seus esforços alcançaram artigos amplamente lidos e premiados e em maior atenção à gemologia como ciência. O próprio jornal ganhou 34 prêmios sob a liderança de Alice Keller. Ela também supervisionou a publicação das três edições da série Gemas e Gemologia em Revisão, que reimprimiu décadas de artigos sobre diamantes sintéticos, tratados e coloridos, respectivamente, em forma de livro.


Após 22 anos de serviço, ela se tornou editora-chefe da G&G em 2002, continuando a levar o jornal para a era eletrônica com o mesmo nível de excelência e atenção aos detalhes que dedicou à versão impressa. Além de suas funções editoriais, ela co-presidiu os Simpósios Gemológicos Internacionais do Instututo em 1999, 2006 e 2011. Ela foi chamada de “guardiã robusta do G&G ” pelo então CEO do Instituto em 2010.

Beatrice Shipley, Eunice Miles e Alice Keller mudaram o curso do Instituto Gemológico da América, estendendo seu alcance global e preparando o cenário para milhares de outras mulheres — que passaram por suas portas como funcionárias e alunas.

Comments


bottom of page